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"A IDEOLOGIA DA MORTE DE DEUS DEMONSTRA SER A IDEOLOGIA DA MORTE DO HOMEM"
Realmente, apesar de tudo o que testemunham a criação e economia salvífica a ela inerente, o espírito das trevas é capaz de mostrar DEUS COMO INIMIGO da própria criatura; e, primeiro que tudo, inimigo do homem, como fonte de perigo e de ameaça para homem. Desde modo, é enxertado por Satanás na psicologia do homem o gérmen da oposição relativamente àquele que "desde o princípio", há de ser considerado como inimigo do homem - e não como Pai. O homem é desafiado para se tornar adversário de Deus!
A análise do pecado na sua dimensão originária indica que da parte do "pai da mentira", ao longo da história da humanidade irá dar-se uma constante pressão para rejeição de Deus por parte do homem, até o ódio: "Amor sui usque ad contemptum Dei" (amor de si mesmo até o desprezo de Deus) como se exprime Santo Agostinho. O homem estará propenso a ver em Deus, antes de mais nada, uma limitação para si próprio e não a fonte da sua libertação e plenitude do bem.
Vemos isto confirmado na época moderna, quando as ideologias ateias tendem a desarraigar a religião, baseando-se no pressuposto de que ela determinaria a "alienação" radical do homem, como se este fosse expropriado da sua humanidade quando, ao aceitar a ideia de Deus, atribui a ele aquilo que pertence ao homem e exclusivamente ao homem!
Daqui nasce um processo de pensamento e de práxis histórico-sociológica, em que a rejeição de Deus chegou até a declaração da sua "morte", o que é absurdo: conceitual e verbal! Mas a ideologia da "morte de Deus" ameaça sobretudo o homem, como indica o Concílio Vaticano II, quando ao analisar a questão da "autonomia das coisas temporais", escreve: " A criatura sem o Criador perde sentido ... Mais ainda, o esquecimento de Deus faz com que a própria criatura se obscureça". A ideologia da "morte de Deus", pelos seus efeitos, facilmente demonstra ser, tanto no plano da teoria como no da prática, a ideologia da "morte do homem".
Autor: João Paulo II
Obs: Trechos extraídos da livro: "SOBRE O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DA IGREJA E NO MUNDO" , autor: João Paulo II, Editora: Loyola, São Paulo, SP, ano: 1987, página, 44.